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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Investimento, a solução para a crise?


Inúmeras intervenções públicas têm defendido o recurso ao investimento como forma de ultrapassar a crise económica que enfrentamos. Fala-se que devemos investir em obras públicas, nas empresas, que a economia tem de ser dinamizada e até já se ouviu dizer que o deficit devia deixar de ser preocupação essencial na gestão das contas públicas.
Sendo verdade que a Economia necessita de um choque exógeno e que o “Bom Investimento” pode ser a ferramenta de eleição, não é menos verdade que o “Mau Investimento” será seguramente a causa de maiores desigualdades internas e externas.
Mas qual a diferença entre estes dois conceitos?

Um Bom Investimento permite um retorno superior ao capital investido, gerando economias de escala. Já um Mau Investimento tem um impacto económico e/ou social negativo face ao capital inicial, produzindo deseconomias de escala. Adoptando uma outra linguagem, o Bom Investimento promove o lucro e o bem-estar-social, o Mau gera o inverso.
Antes de fazer uma opção de investimento, devemos ter a noção de que qualquer escolha tem um custo de oportunidade. A utilização de crédito ou de poupanças para um determinado fim, influencia as restantes opções de investimento, de consumo ou de poupança. A aplicação de recursos nos dias de hoje irá afectar também as decisões de investimento das gerações vindouras. Com Mau Investimento podemos estar a hipotecar a capacidade de desenvolvimento da economia no futuro. Não basta portanto gastar dinheiro para ultrapassar a crise económica. O investimento não é todo igual e muito menos é igual ao consumo.
Esperemos que as famílias, os empresários e os órgãos públicos (Governo, Autarquias, Institutos Públicos) saibam optar pelas políticas de Bom Investimento, sem comprometer o futuro. Não será fácil ultrapassar esta crise económica mas será mais difícil progredir se as opções de investimento forem desajustadas, incoerentes e ineficientes. O bem-estar-social depende dessas mesmas decisões!
Num ano com três actos eleitorais, em que se perspectiva muito despesismo com marketing e inaugurações por parte do Governo e das Autarquias, façamos votos que os decisores políticos se preocupem mais com o País do que com o número de votos que poderão alcançar. Afinal de contas, todos assim o defendem! Será que cumprem?

Nuno Vaz da Silva, artigo publicado em 11/02/2009 in "Alto Alentejo"

Era uma vez Portugal!

ERA UMA VEZ... 4 trabalhadores chamados Toda-a-Gente, Alguém, Qualquer-Um e Ninguém. Havia um trabalho importante para fazer e Toda-a-Gente tinha a certeza que Alguém o faria. Qualquer-Um podia fazê-lo, mas Ninguém o fez. Alguém se zangou porque era um trabalho para Toda-a-Gente. Toda-a-Gente pensou que Qualquer-Um podia tê-lo feito, mas Ninguém constatou que Toda-a-Gente não o faria. No fim, Toda-a-Gente culpou Alguém, quando Ninguém fez o que Qualquer-Um poderia ter feito.
Foi assim que apareceu o Deixa-Andar, um 5º funcionário para evitar todos estes problemas.
Autor: Anónimo

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009


” Eu não pertenço a nenhuma das gerações revolucionárias. Eu pertenço a uma geração construtiva.


(…)


Eu sou aquele que se espanta da própria personalidade e creio-me portanto, como português, com o direito de exigir uma pátria que me mereça. Isto quer dizer: eu sou português e quero portanto que Portugal seja a minha pátria.Eu não tenho culpa nenhuma de ser português, mas sinto a força para não ter, como vós outros, a cobardia de deixar apodrecer a pátria.


(…)


Vós, ó portugueses da minha geração, que, como eu, não tendes culpa nenhuma de serdes portugueses.

Insultai o perigo.

Atirai-vos prà glória da aventura.

Desejai o record.

Dispensai as pacíficas e coxas recompensas da longevidade.

Divinizai o Orgulho.

Rezai a Luxúria.

Fazei predominar os sentimentos fortes sobre os agradáveis.

Tende a arrogância dos sãos e dos completos.

Fazei a apologia da Força e da Inteligência.

Fazei despertar o cérebro espontaneamente genial da Raça Latina.

Tentai vós mesmos o Homem Definitivo.

Abandonai os políticos de todas as opiniões: o patriotismo condicional degenera e suja; o patriotismo desinteressado glorifica e lava.

Fazei a apoteose dos Vencedores, seja qual for o sentido, basta que sejam Vencedores.

Ajudai a morrer os vencidos.

Gritai nas razões das vossas existências que tendes direito a uma pátria civilizada.

Aproveitai sobretudo este momento único em que a guerra da Europa vos convida a entrardes prà Civilização.

O povo completo será aquele que tiver reunido no seu máximo todas as qualidades e todos os defeitos.


Coragem, Portugueses, só vos faltam as qualidades!


Lisboa, Dezembro de 1917.”

Almada Negreiros in “ULTIMATUM FUTURISTA- Às gerações portuguesas do século XX “