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sexta-feira, 24 de abril de 2009

Quando acabará a crise?



É impossível olhar para qualquer jornal, revista ou outra fonte de informação sem nos depararmos com a crise económico-financeira que se tem abatido na sociedade mundial. São notícias de abrandamento da actividade económica, aumento do desemprego, fecho de empresas, instabilidade social…
Com este panorama é difícil compreender que alguns políticos tenham defendido há poucos meses que a crise já tinha passado e não iria sequer afectar Portugal. Mas isso é reflexo da (medíocre) qualidade das análises económicas efectuadas por diversos responsáveis políticos.
O maior problema decorrente da instabilidade económica é a quebra de confiança que se generalizou por toda a sociedade mundial. Houve quebra da confiança nas instituições financeiras, nas empresas, nas instituições públicas e nas próprias famílias. Este factor levou a que todos os agentes tivessem, e continuem a ter, maiores precauções nas suas mais diversas tomadas de posição. Os bancos têm critérios mais apertados na concessão de crédito, as empresas suspendem decisões de investimento e as famílias tentam optar pelas suas melhores opções de consumo, privilegiando bens essenciais e reduzindo os gastos.
Não é difícil compreender que, com este cenário, a crise seria inevitável.
Mas nesta altura, a pergunta que se impõe é: Quando acabará esta crise?
Infelizmente, ninguém pode garantir quando irá terminar este período. Dado que é um problema global, acabamos por sofrer as consequências do que acontece por esse mundo fora mas devemos preparar-nos para a retoma, venha ela quando vier.
Um país e uma região preparados para a retoma conseguirão obter vantagens competitivas face a outros países e territórios. Como os recursos locais e regionais são relativamente diminutos, é necessário que a sua utilização seja rigorosa e eficaz. Por exemplo, faz todo o sentido que se prescinda das obras e festas de cariz eleitoralista em benefício de investimentos sustentáveis e produtivos. Para além disso, cabe aos autarcas e aos deputados eleitos pelos distritos a importante missão de lutar pela canalização de fundos das finanças centrais para o desenvolvimento regional. E essa tarefa é bem mais importante do que a distribuição de propaganda eleitoralista ou do que a distribuição de cumprimentos aos eleitores que se verifica no período pré-eleições e que termina no dia seguinte à votação. Seria interessante perguntar a cada candidato que nos cumprimentar durante o período eleitoral, o que fez pelos problemas do distrito (para os que se recandidatam) ou o que irão fazer por esta região (para os que se candidatam pela primeira vez). Fica a sugestão porque só a exigência e o rigor podem servir de alicerces seguros para enfrentar a crise e preparar o futuro com responsabilidade, confiança e sustentabilidade.


Nuno Vaz da Silva in "Alto Alentejo" 22/04/2009