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quinta-feira, 4 de março de 2010

Portugal e o “fado” da Instabilidade



Portugal vive actualmente mergulhado num conjunto de problemas graves e que tardam a ser resolvidos. O desemprego continua a aumentar, a divida pública não pára de crescer, o produto interno cresce a um ritmo inferior à média comunitária, o maior partido da oposição continua dividido e com liderança enfraquecida, e o governo parece mais preocupado em maquilhar os dados do que em resolver os problemas.

O nosso país foi ainda arrastado pela crise económico-financeira mundial e continua vulnerável a potenciais novas recaídas dos mercados bolsistas.
É um cenário realmente preocupante e que devia levar à união de esforços para resolver os problemas através de soluções eficazes e sustentáveis. No entanto, não é exactamente isso que tem acontecido. O país contínua centrado em casos judiciais, fala-se no risco de eleições antecipadas e estamos em suspense com a nossa participação no Mundial de futebol…….sempre o futebol!
Portugal continua a não despertar para os verdadeiros problemas. Vive-se para a política e não para o país, discutem-se decisões judiciais, pondera-se combater a corrupção e brincamos às estatísticas. Mas não se apresentam soluções, não se discutem políticas, arranjam-se fait-divers para distrair a opinião pública.
Os principais culpados somos todos nós porque não participamos na política activa mas os políticos “profissionais” não estão seguramente isentos de culpa.
Portugal precisa de um novo paradigma de desenvolvimento, ou melhor, precisa de um verdadeiro modelo de desenvolvimento sustentável! Necessita de uma estratégia a médio prazo com objectivos concretos que potenciem as capacidades dos portugueses e do seu território. Não podemos continuar com a politica do litoral desenvolvido, abdicando do interior cada vez mais desertificado e esquecido. A política dos chavões, da demagogia e da amizade tem de dar lugar à competência, à responsabilização, ao mérito e à dedicação.

Para que ocorram estas alterações, o país tem de progredir, tem de abdicar do corporativismo instalado na sociedade, tem de modernizar a administração pública e diminuir o peso do Estado na sociedade, aumentando a competência nas suas principais tarefas como a Justiça, a Defesa e a gestão eficiente dos impostos dos contribuintes. E isso depende do Governo, dos Sindicatos, dos Partidos e das Associações, no fim de contas, depende de todos nós.
O cidadão comum, usualmente encolhe os ombros e prefere não dar opinião, não apresentar soluções, não exigir responsabilidades. Mas esta atitude tem de dar lugar a uma vivência social mais activa por parte de todos, seja em partidos políticos, nas empresas, em movimentos cívicos, na internet, e em ONGs.

Portugal necessita de uma liderança, precisa de um caminho e de uma esperança de futuro que catapulte a desmotivação generalizada para a ambição de sermos melhores e mais produtivos. Se todos querem ganhar no futebol (onde só jogam 11 portugueses), porque é que essa ambição ainda não transbordou para a vida de cada um de nós? Ser ambicioso representa um verdadeiro desígnio nacional que o Estado tem de apoiar com responsabilização, com ética e com rigor.
Muitos dizem que isso nunca acontecerá. Mas todos os que dizem isso, não se poderão queixar do Portugal que têm. Portugal tem de progredir e isso depende de todos mas principalmente de cada um! Não, não podemos dizer apenas que amanhã será diferente.
A mudança de paradigma tem de começar quanto antes, ou seja, hoje!

Nuno Vaz da Silva in Jornal "Alto Alentejo", edição de 03/03/2010