” Eu não pertenço a nenhuma das gerações revolucionárias. Eu pertenço a uma geração construtiva.
(…)
Eu sou aquele que se espanta da própria personalidade e creio-me portanto, como português, com o direito de exigir uma pátria que me mereça. Isto quer dizer: eu sou português e quero portanto que Portugal seja a minha pátria.Eu não tenho culpa nenhuma de ser português, mas sinto a força para não ter, como vós outros, a cobardia de deixar apodrecer a pátria.
(…)
Vós, ó portugueses da minha geração, que, como eu, não tendes culpa nenhuma de serdes portugueses.
Insultai o perigo.
Atirai-vos prà glória da aventura.
Desejai o record.
Dispensai as pacíficas e coxas recompensas da longevidade.
Divinizai o Orgulho.
Rezai a Luxúria.
Fazei predominar os sentimentos fortes sobre os agradáveis.
Tende a arrogância dos sãos e dos completos.
Fazei a apologia da Força e da Inteligência.
Fazei despertar o cérebro espontaneamente genial da Raça Latina.
Tentai vós mesmos o Homem Definitivo.
Abandonai os políticos de todas as opiniões: o patriotismo condicional degenera e suja; o patriotismo desinteressado glorifica e lava.
Fazei a apoteose dos Vencedores, seja qual for o sentido, basta que sejam Vencedores.
Ajudai a morrer os vencidos.
Gritai nas razões das vossas existências que tendes direito a uma pátria civilizada.
Aproveitai sobretudo este momento único em que a guerra da Europa vos convida a entrardes prà Civilização.
O povo completo será aquele que tiver reunido no seu máximo todas as qualidades e todos os defeitos.
Coragem, Portugueses, só vos faltam as qualidades!
Lisboa, Dezembro de 1917.”
Almada Negreiros in “ULTIMATUM FUTURISTA- Às gerações portuguesas do século XX “
Almada Negreiros in “ULTIMATUM FUTURISTA- Às gerações portuguesas do século XX “
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