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quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009


” Eu não pertenço a nenhuma das gerações revolucionárias. Eu pertenço a uma geração construtiva.


(…)


Eu sou aquele que se espanta da própria personalidade e creio-me portanto, como português, com o direito de exigir uma pátria que me mereça. Isto quer dizer: eu sou português e quero portanto que Portugal seja a minha pátria.Eu não tenho culpa nenhuma de ser português, mas sinto a força para não ter, como vós outros, a cobardia de deixar apodrecer a pátria.


(…)


Vós, ó portugueses da minha geração, que, como eu, não tendes culpa nenhuma de serdes portugueses.

Insultai o perigo.

Atirai-vos prà glória da aventura.

Desejai o record.

Dispensai as pacíficas e coxas recompensas da longevidade.

Divinizai o Orgulho.

Rezai a Luxúria.

Fazei predominar os sentimentos fortes sobre os agradáveis.

Tende a arrogância dos sãos e dos completos.

Fazei a apologia da Força e da Inteligência.

Fazei despertar o cérebro espontaneamente genial da Raça Latina.

Tentai vós mesmos o Homem Definitivo.

Abandonai os políticos de todas as opiniões: o patriotismo condicional degenera e suja; o patriotismo desinteressado glorifica e lava.

Fazei a apoteose dos Vencedores, seja qual for o sentido, basta que sejam Vencedores.

Ajudai a morrer os vencidos.

Gritai nas razões das vossas existências que tendes direito a uma pátria civilizada.

Aproveitai sobretudo este momento único em que a guerra da Europa vos convida a entrardes prà Civilização.

O povo completo será aquele que tiver reunido no seu máximo todas as qualidades e todos os defeitos.


Coragem, Portugueses, só vos faltam as qualidades!


Lisboa, Dezembro de 1917.”

Almada Negreiros in “ULTIMATUM FUTURISTA- Às gerações portuguesas do século XX “

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