Os números sobre o desemprego não param de aumentar. No primeiro trimestre de 2009 registou-se o maior número de desempregados dos últimos 23 anos, com 495.800 pessoas inscritas nos centros de emprego, das quais 27% representavam indivíduos qualificados.
O fenómeno do desemprego é um dos grandes problemas sociais. O desemprego afecta o bem-estar social do individuo e do seu agregado familiar. Famílias com pessoas desempregadas têm menos rendimentos disponíveis e, por consequência, uma menor qualidade de vida.
Para minimizar o problema social e como forma de auxílio à integração no mercado de trabalho, o Estado atribui um subsídio aos cidadãos desempregados. Este mecanismo de recurso e de compensação é suportado financeiramente pelos impostos cobrados aos contribuintes. Quantos mais desempregados houver, mais subsídios o Estado terá de pagar e menos disponibilidade de recursos haverá para outros gastos e investimentos públicos.
Muitas vezes o Estado procura resolver o problema do desemprego através da contratação pública. É certo que, dessa forma, o número de desempregados diminui mas a questão dos recursos mantém-se porque são os mesmos contribuintes que pagam os subsídios de desemprego que têm de pagar os ordenados desses trabalhadores contratados (ou empregados, porque as duas expressões nem sempre são sinónimos). Pior ainda, acabamos por ficar com um outro problema que é o excessivo e progressivo peso da Administração Pública na sociedade, o que implica a existência de cada vez maiores impostos ou maior divida pública (ambas as fontes de receita são insustentáveis no longo prazo).
Como esta forma de disfarçar a situação pode potenciar maiores complicações orçamentais, o Estado (e mesmo a sociedade civil) deveria optar por soluções estruturais. Uma sugestão seria o reforço de competências nas Universidades, nos Institutos Politécnicos e até nos Centros de Formação Profissional com o objectivo de fomentar o empreendedorismo dos seus alunos. Para isso, seria fundamental aumentar os protocolos de relacionamento das instituições de ensino com empresas e com a própria Administração Pública. Só a existência de redes de troca de competências pode contribuir para criar verdadeiros Industrial Districts que permitam a dinamização de uma determinada região. Uma outra solução seria a formação dos desempregados em áreas específicas como a criação de empresas, o microcrédito, o voluntariado ou mesmo o serviço público. Afinal de contas, a maior riqueza das regiões é o seu capital humano, pelo que é fundamental apostar na inovação, na criatividade e na irreverência de cada pessoa.
Não podemos continuar a resolver os problemas do presente com as soluções do passado, principalmente quando essas mesmas soluções contribuem para um maior atraso estrutural do país e das regiões! O desemprego é apenas um desses problemas mas talvez seja dos mais complicados de solucionar. Atacar os números sem resolver o fenómeno significa maquilhar a realidade, não com a redução do desemprego mas sim com a migração (a médio prazo) da população para regiões e países em desenvolvimento, e com melhores perspectivas de futuro.
Encobrir os problemas até pode traduzir-se na obtenção de mais votos no curto prazo mas será sempre sinónimo de mais atraso, menos desenvolvimento e maior afastamento das populações da vida política no longo prazo! Serão os votos mais importantes do que o desenvolvimento?
Artigo publicado na edição de 24/06/2009 do jornal "Alto Alentejo" by Nuno Vaz da Silva
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