Caros amigos,
Dado que é (pelo menos) o
quinto jantar que organizo após conclusão do curso, penso que tenho o direito
mas principalmente o dever de dizer algumas palavras!
Ter 70 colegas aqui reunidos
passados 10 anos é um facto único na história da Faculdade de Economia da
Universidade Nova de Lisboa! Obrigado a todos os presentes!
Muitos não podem estar aqui
hoje porque estão fora do país, outros por razões várias (desde festas
familiares a viagens) e algumas colegas foram mães recentemente (ainda bem
porque eu gostaria de receber reforma um dia)!
Há também colegas que já não
estão entre nós mas não nos esquecemos deles, como é o caso do Filipe Luelmo!
Em 10 anos ficámos mais
velhos, mais gordos, com mais rugas (tirando eu que estou obviamente na mesma
ou ainda mais jovem). Mas ficámos também mais experientes, conhecemos mais
pessoas, temos mais memórias!
10 anos passaram depressa,
demasiado depressa!
Há 10 anos atrás, quando nos
perguntavam em entrevistas de emprego o que gostaríamos de estar a fazer hoje,
duvido que a maioria tivesse acertado nessa premonição. Ou pelo menos,
pensaríamos ter melhores condições financeiras e estar a viver num país mais e
melhor desenvolvido.
Voltando ao que disse no
inicio, este grupo de Economistas é único! Tem um grande espírito de grupo que
se reveste nas saudades e desejos do reencontro!
Mas atrevo-me a dizer que
aproveitamos mal essa força que nos distingue por dois motivos:
O primeiro motivo está
relacionado com o networking que poderíamos desenvolver! Temos aqui colegas que
estão nas mais variadas entidades e em diversos países. Mas temos também
colegas que se interessam pelas mais diversas áreas: Finanças, Empreendedorismo,
Politica, Acção Social, Estratégia. Reparem que não colocamos em acção o nosso
potencial de promover redes, de nos lembrarmos dos nossos colegas na nossa actividade
profissional quotidiana. Isto que digo não é nada novo! Para além de vir nos
livros de gestão, a Universidade Católica coloca em acção estas orientações! E
nós não só podemos fazer o mesmo como podemos fazer muito melhor!
O segundo motivo
relaciona-se com um comentário que ouvi a um economista com o qual nem sempre
concordo. Paul Krugman disse o seguinte na conferência que deu por ocasião do
seu triplo doutoramento honoris causa em Lisboa:
“Todo o economista de
verdade deve tentar influenciar a politica” e disse mais, “estes não são tempos
normais, são tempos de agir”
Claro que muitos de vós
alega não ter tempo para agir fora das entidades profissionais mas a realidade
é que a maior parte foge destas questões! No entanto, duvido que algum dos
presentes não tenha uma opinião sobre o país, sobre as politicas tomadas e
sobre as eventuais soluções que poderiam ser implementadas, com maior
eficiência. Quando se fala em políticas, não podemos pensar só nas politiquices
nem nos partidos. Há politicas nas empresas, nas associações, nas IPSS, nos
hospitais… Estamos rodeados de politicas e não podemos ignorar as nossas
posições, ou seja, nossa capacidade de influenciar essas mesmas politicas! Ser
economista é também isso!
Dirão: este tipo pirou de
vez! Provavelmente terão razão! Posso também estar errado mas não é isso que
sinto quando falo com cada um de vós! Apenas é usual perceber o receio
colectivo em divulgar para o público o que vos vai na alma!
Mas amigos, o tempo passa
depressa demais! Qualquer dia estaremos a comemorar os 20 anos de fim de curso!
E nessa data gostava que estivéssemos mais orgulhosos ainda pelo que
conseguimos, não apenas em termos pessoais, não apenas em termos profissionais
mas também em prol da sociedade e do nosso país!
E dou alguns exemplos:
Por exemplo, porque não tentamos fazer uma
lista para concorrer à Ordem dos Economistas! Obviamente que seria para ganhar
mas também para perceber qual a nossa capacidade de mobilização e
comunicação!??
Outro exemplo, porque não
tentar seleccionar uma Instituição de caridade e utilizar os conhecimentos de
economia para a projectar socialmente e economicamente?
Mais um exemplo, porque não
reavivar a Associação de Antigos Alunos da FEUNL e promover o networking entre
antigos, menos antigos e novos alunos que estão na mesma entidade profissional?
E um ultimo exemplo para
terminar, porque não aproveitar as potencialidades das novas tecnologias e das
redes sociais para fazermos loby em rede?
Estas são apenas algumas
dicas! Se este grupo é realmente excepcional, isso significa que podemos fazer
mais, fazer melhor e dar qualquer coisa à sociedade! Neste momento de
comemorações, não podia deixar de fazer este reparo, desejando que tenham
gostado da iniciativa e que o prazer do reencontro nos dê o impulso que
necessitávamos para sermos mais Economistas, pela definição do Krugman!
Voltando a citar:
“Todo o economista de
verdade deve tentar influenciar a politica” (…) “estes não são tempos normais,
são tempos de agir”
Para terminar, gostaria de
fazer um brinde a nós próprios e desejar a todos muita saúde, com muitos
sucessos profissionais e que o próximo jantar seja ainda mais participado!!!!
Nuno Vaz da Silva, 19 Maio de 2012, Palacete Henrique Mendonça em Lisboa
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