2013 é ano de eleições autárquicas. Se à primeira vista
poderíamos ser levados a pensar que são mais umas eleições, numa análise mais
pormenorizada concluiremos que está muito mais em jogo neste ciclo autárquico.
Estas eleições serão disputadas no meio do turbilhão da
crise, com diminuição acentuada do rendimento disponível de famílias,
empresas e instituições. A escassez de
recursos será um constrangimento para os mandatos autárquicos e obrigará à renovação
da própria função autárquica.
Se durante décadas o desejo dos autarcas foi fazer e deixar
obra, para o mandato que se avizinha o desafio será mais complexo e menos
quantificável em obras de betão. As rotundas, as estradas e os estádios terão
de dar lugar a uma actuação de parceria com empresários, associações e
comunidades.
A falta de recursos não pode servir de desculpa para uma actuação
menos conseguida, muito pelo contrário. Com os efeitos da crise, exige-se que
as instituições façam mais com menos. A dinamização do tecido económico
existente e o apoio à instalação de novas empresas deve ser um dos principais
objectivos políticos. Em localidades onde existem zonas industriais e
comerciais em déficit de ocupação, será também a oportunidade para revitalizar
os investimentos já feitos e aproveitar as mais valias da existência de redes
comerciais e empresariais.
Mas também será necessário fazer mais com menos na relação
com os eleitores, através da diminuição da burocracia e da aposta na eficiência
dos serviços públicos.
A existência, durante vários anos, de programas eleitorais
partidários tão desfasados das actuações politico-governativas tem afastado os
cidadãos da politica. Mas nesta fase em que ninguém está alheio das
dificuldades financeiras assumo a minha expectativa em ler os programas
eleitorais autárquicos dos diversos partidos e verificar a criatividade e
capacidade das várias candidaturas para resolverem os problemas de sempre com
menos recursos mas com mais exigências!
O poder autárquico não só tem de se reinventar como deve ser
o exemplo de uma actuação politica mais credível e eficiente.
Nuno Vaz da Silva
Economista
artigo publicado na edição de 27/03/2013 do jornal "Alto Alentejo"
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