Pesquisar neste blogue

quarta-feira, 7 de julho de 2010

O estado da Nação

O estado da Nação alterou-se radicalmente nos últimos meses. Desde as últimas eleições legislativas que deram uma maioria relativa ao partido do Governo, Portugal registou inúmeras alterações ao nível económico, político e social.

Tivemos episódios de má governação e depois fomos obrigados pelos parceiros europeus a assumir as responsabilidades. Assistimos a ataques do próprio governo e da oposição ao Estado, e mais tarde uniram-se ficticiamente para “iludir” os parceiros externos. Foram anunciadas muitas medidas de aumento de impostos mas poucas de diminuição da despesa. E, acima de tudo, ouvimos os políticos e diversos comentadores falar sobre todos os assuntos mas não sabemos em quais acreditar.
Contudo, não é fácil eleger um de tantos assuntos para escrever umas linhas.
O estado do nosso país não é apenas sinónimo de dificuldades financeiras, de impostos a subir e de rendimentos a decrescer. Portugal é hoje um dos piores exemplos da economia na zona euro. Trata-se de uma economia com reduzida capacidade exportadora, com taxas de desemprego elevadas, grandes disparidades sociais e regionais, e com um tecido empreendedor que luta para ultrapassar as dificuldades da burocracia.
Há ainda um problema de valores inerente à actuação de muitos agentes políticos. Quando o Presidente da República decide contra a sua consciência, abdicando dos seus poderes em prol de questões de agenda política, algo de muito grave se passa nos valores da sociedade. O mesmo se verifica quando comentadores dizem que este ou aquele politico mentiu mas mais vale deixá-lo ficar no seu cargo porque a situação do país não suporta mais instabilidade. Temos ainda governadores de bancos que dizem uma coisa hoje porque estão num determinado cargo e amanhã dizem outra porque deixaram de ter o mesmo vínculo laboral…
É caso para dizer: Portugal, assim não vamos lá!
Este Estado em que não é preciso ser mas basta parecer não serve aos portugueses. A ilusão de que está tudo bem e que basta aumentar uns impostos para resolver uma crise não passa de maquilhagem. Os grandes problemas do país estão a montante e para esses necessitamos de medidas urgentes: Temos problemas na Justiça que continua demorada e com muitas ineficiências, na Educação que não prepara os jovens para serem empreendedores, na Administração Pública que é ainda demasiado burocrática, temos disparidades regionais com a inexistência de uma política de segmentação positiva do interior do país e, acima de tudo, existe dificuldade na identificação de líderes que sejam verdadeiros, que não sejam permeáveis a lobbies, que respeitem os contribuintes mas essencialmente que tenham um projecto estratégico para o país.
Os problemas podem ser resolvidos? Claro que sim! Então porque não se resolvem? Porque exigem soluções a médio prazo mas os governantes preferem gerir a sua carreira pessoal no curto prazo do que projectar o país no futuro!

Assim sendo, o que vai acontecer a Portugal?

Provavelmente continuará a ser o país de Fátima, do Futebol e do Fado. Desse Fado (destino) que podia/pode ser auspicioso mas que continuará a ser de saudade de um país vanguardista que já fomos mas tardamos voltar a ser!

Nuno Vaz da Silva in Jornal "Alto Alentejo", edição de 7 Julho de 2010

Sem comentários:

Enviar um comentário